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Aquela diversão do tempo livre que passava na casa da avó transformou Ana Gabriela Serigatto em artista reconhecida internacionalmente. Depois de anos trabalhando com crochê, a bauruense, que estuda Moda em Nova York, comemora o convite de expor em São Paulo e na atual cidade onde mora.

“Estou muito agradecida por todo esse reconhecimento, espaço e atenção para minhas criações depois dos meus projetos nos EUA. Principalmente por meu trabalho ser tão diferente do comum. É uma delícia poder mostrar minhas criações para meus amigos, familiares e ainda atrair pessoas que não conheço”, comemora.

Famosa por transformar o crochê em peças diferenciadas, seja para decoração ou acessório, Ana Gabriela espera ter mais reconhecimento e apoio, seja lá fora ou aqui em Bauru, sua terra natal. “Seria melhor ainda se houvesse mais espaço para as artes em Bauru, como galerias, incentivos financeiros, de divulgação e marketing. Com certeza o público iria aumentar e a qualidade cultural da cidade melhorar”, comenta a artista que ainda revelou sentir muita saudade de Bauru.

“Sinto falta de calor, de piscina, de deitar na rede, passar bastante tempo ao ar livre, ir nas minhas aulinhas de crochê e jogar conversa fora no final da tarde. Aquela vida de interior, sabe?”. Confira o bate-papo completo:

Você começou a fazer crochê aos 6 anos, certo? Como surgiu a oportunidade?
“Eu cresci cercada de materiais de artes e costura. Minha avó paterna é costureira e minha avó materna era professora de trabalhos manuais em uma escola em Bauru. Mesmo antes de fazer crochê sempre tive interesse por atividades artísticas. Lembro da primeira vez que minha avó me ensinou a fazer crochê em uma das minhas férias escolares. Foi aí que aprendi os primeiros pontos. Lembro de ter gostado demais de passar horas e horas praticando até ficar com os pontos regulares. A partir daí, quando tinha tempo livre da escola estava sempre inventando algum projeto com as agulhas. Mas, mesmo na minha adolescência e, principalmente, na minha faculdade de moda, eu frequentava aulas de crochê em bazares ou com minha professora particular, Rosangela Giozzet, que me ensinou a colocar minhas ideias criativas em prática. Fazia faculdade em São Paulo e, nos finais de semana, em Bauru, aproveitava para fazer as aulas de crochê”.

E o que fazia, peças de roupas?
“Quando criança, eu fazia toalhinhas de mesa com minha avó me guiando na receita. Na adolescência, customizava minhas próprias roupas pois nunca encontrava no mercado o que desejava. Bordava motivos de crochê em calças e sapatilhas, confeccionava mantas e almofadas para decoração. Gostava de tear e macramê também. Sempre foi muito prazeroso trabalhar com fios, cores, texturas e agulhas em diferentes técnicas, mas o crochê sempre foi minha favorita”.

E hoje, quais são as suas produções?
“Hoje eu adoro trabalhar com peças tridimensionais, faço muitos acessórios com caráter escultural, como colares, brincos e cachecóis. Um mix de moda e arte. Busco sempre algo que não tenha a aparência tradicional. Usando cores e formas inusitadas componho peças modernas e sofisticadas. Divirto trazendo uma cara nova para uma técnica tradicional e tão antiga. Depois de algumas exibições em Nova Iorque, tive muitos pedidos para confeccionar peças de decoração, como a ‘Rosa 3D’ que está em exibição na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, que é uma escultura que também pode ser usada como cesto. Para esta minha fase atual estou trabalhando com cores vivas em uma linguagem positiva, descontraída e irreverente. Estou sendo influenciada por um meio mais POP, como a toyart e o universo DIY (faça você mesmo). Estou bastante envolvida na área virtual também, que não se limita apenas na produção de peças. Elaboro conteúdos para meu blog pessoal e canal do Youtube, onde abordo assuntos criativos de moda, artes, DIY e ensino processos criativos também, como uma fonte de conteúdo e inspiração online”.

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Hoje você está morando em Nova York. Está há quanto tempo?
“Estudo moda e artes há dois anos em NY. Eu fui através de um intercâmbio para aprender inglês. No momento, eu produzo peças em crochê e tricô para exibições de artes e desenvolvo conteúdo para meu blog e canal do Youtube”.

E agora você está com uma exposição em São Paulo. Como aconteceu o convite e como é essa exposição?
“Em 2009, eu tive um blog que abordava assuntos têxteis e foi através dele que conheci a curadora de artes Nádia Rezende na cidade de São Paulo. Mostrei meu portfólio e ela ficou encantada. A partir daí, estivemos sempre em contato, com ela me passando todas as novidades têxteis que aconteciam no Brasil. E como ela está sempre organizando eventos e exposições na área, acabei recebendo o convite de participar dessa exposição”.

Algumas pessoas desenvolvem peças de crochê para enfeitar a cidade. Você também já participou desse projeto?
“Ah, o famoso ‘Yarn Bomb’. Ainda não participei. Acho que porque sempre estive envolvida mais no desenvolvimento de peças para o corpo e uso de materiais nobres, como algodão naturalmente colorido, lã pura e seda tingida à mão”.

Já faz alguns anos que você saiu de Bauru, o que sente mais falta daqui?
“Sinto falta de calor, de piscina, de deitar na rede, passar bastante tempo ao ar livre, ir nas minhas aulinhas de crochê e jogar conversa fora no final da tarde. Aquela vida de interior, sabe?”.

E como é apresentar para a sua cidade natal um projeto que realizou no exterior?
“Na verdade, todo o desenvolvimento e aprimoramento do meu trabalho foi no Brasil. Em Nova Iorque eu participei de exibições desenvolvendo uma linha de criação que eu já tinha antes de estar em NY. Estou muito agradecida por todo esse reconhecimento, espaço e atenção para minhas criações depois dos meus projetos nos EUA. Principalmente por meu trabalho ser tão diferente do comum. É uma delícia poder mostrar minhas criações para meus amigos, familiares e ainda atrair pessoas que não conheço. Seria melhor ainda se houvesse mais espaço para as artes em Bauru, como galerias, incentivos financeiros, de divulgação e marketing. Com certeza o público iria aumentar e a qualidade cultural da cidade melhorar”.

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