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Foto: Arquivo pessoal

Depois de assistir um vídeo e ver uma senhora de 83 anos participando da Ironman, prova de triathlon realizada em Florianópolis, Maria Cláudia Ribeiro decidiu que também iria tentar. “Eu achei que a prova era impossível de completar, mas quando vi essa senhora, eu decidi tentar também”, conta.

Ela, que fazia academia na época, começou a pegar pesado nos treinamentos e se preparar para uma das provas mais difíceis. Depois de quatro anos de muita disciplina, garra e força de vontade, Maria Cláudia finalmente realizou seu sonho no dia 31 de maio, quando participou da competição.

“Várias pessoas falaram que eu era louca, que era muito longe, muito difícil… Mas nunca desisti”, afirma.

Nessa entrevista, a atleta falou sobre a preparação para a prova e deu uma verdadeira lição de força de vontade! Confira:

A prova durou quanto tempo?
Maria: Essa prova começou às 7h e terminou meia noite. Então, cada participante teve 17 horas para realizar todas as provas. Eu fiz em 13 horas e 33 minutos.

E quais as modalidades da prova?
Maria: Natação, ciclismo e corrida, nesta ordem. Sendo que a natação foi feita no mar.

E você teve um tempo para descansar em cada prova?
Maria: Não, você passa por transições, ou seja, volta para o local de partida, troca a roupa em um vestiário e faz isso em cada prova. Você sempre volta para este local, mas não tem uma hora de descanso porque a prova é com tempo corrido.

Essa foi a primeira vez que você participou dessa prova, certo? Foi muito mais difícil que você imaginava?
Maria: Não porque eu estava bem preparada para a prova. Foram quatro anos treinando. Quando eu resolvi que ia entrar para o triathlon, foi para participar dessa prova. Então, eu passei por outras competições menores, cerca de 30 durante esse período, para ir me preparando para o Ironman. Eu estava física e psicologicamente preparada.

E por quê você escolheu o Ironman? Você sempre teve essa vontade?
Maria: Não, tudo começou com um amigo. Ele estava treinando e me mostrou um vídeo sobre o assunto. Depois que assisti a esse vídeo, decidi participar do Ironman porque vi que tinha uma mulher de 83 anos fazendo. Eu achei que a prova era impossível de completar, mas quando vi essa senhora, eu decidi tentar também. Na época eu só corria e fazia academia. Aí conversei com um amigo que é treinador e disse: ‘olha, assisti um vídeo sobre o Ironman e quero fazer em 2015!’. Foi exatamente assim! (risos). E aí eu comecei a treinar.

E foi bem planejado, né?
Maria: Sim, treinei muito esses quatro anos. Como o triathlon tem provas curtas e longas, eu treinei para poder passar por todas. Queria fazer gradativo. É claro que algumas pessoas vão para a prova sem esse treinamento, mas eu não queria.

Aconteceu algo durante a prova que te pegou de surpresa? Algo que você não estava preparada?
Maria: Na prova não, mas aconteceu antes. Um mês antes da competição a minha bicicleta quebrou de um jeito que não ficaria pronta em tão pouco tempo. Eu tinha comprado exatamente para a prova e estava treinando sempre com ela. Aí, exatamente um mês antes, durante um treino, ela quebrou. E o único mecânico que poderia mexer fica em Uberlândia e não iria entregar em um mês. Não tinha como. E eu ainda tinha um mês de treino! A minha sorte foi que um atleta de São Carlos me emprestou a bicicleta dele e eu continuei treinando. Inclusive, fiz a prova com ela. Mas confesso que fiquei desesperada quando aconteceu.

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Foto: Arquivo pessoal

E nesses quatro anos você pensou em abandonar esse plano em algum momento?
Maria: Não, em nenhum momento. Várias pessoas falaram que eu era louca, que era muito longe, muito difícil… Mas nunca desisti. Inclusive, algumas pessoas falaram que eu devia tentar já naquele ano e não esperar até 2015, mas eu sentia que precisava treinar por quatro anos antes de tentar.

E como eram os seus treinos?
Maria: Eram dois treinos por dia, que eu fazia um de manhã, na hora do almoço ou à tarde. Como eu sou professora de Educação Física, eu só tinha esse tempo para treinar. Então, eu ia bem cedo, umas 5 horas da manhã nadar e pedalava de tarde. De segunda e quarta-feira eu fazia musculação de manhã e corria na hora do almoço, mais ou menos entre 12h e 13h. Eu fiquei conhecida como a ‘louca da Getúlio Vargas’! (risos). Porque todo mundo me via correndo nesse horário. Tanto, que algumas pessoas até me perguntavam depois: ‘você não é aquela moça que fica correndo na Getúlio’? (risos). Mas foi bom porque na prova, eu pedalei na hora do almoço e corri de tarde.

Como foi a alimentação na hora da prova?
Maria: As nossas camisetas têm bolsos e a gente pode colocar bolacha, água ou alguma fruta. A alimentação é durante a prova. Além disso, a organização da prova também oferece alimentação: frutas, bebidas, isotônicos, sopas, pães… a estrutura é muito boa.

Você viu alguém passar mal durante a prova?
Maria: Olha, eu passei por um amigo que comentou que não estava se sentindo bem e vi muita gente mancando.

E você sentiu alguma dor?
Maria: Não, só o cansaço normal. Até levei analgésico, mas não precisei usar nada.

E qual a sua maior dificuldade durante a prova?
Maria: Ah, com certeza o ciclismo. É a parte que eu sou mais lenta. Eu nado e corro muito bem, mas ainda sou lenta no ciclismo. Mas eu já sabia que não ia ser o meu melhor tempo e eu corro muito rápido, então consegui melhorar. Eu, por exemplo, não andei nenhuma vez durante a prova, ao contrário de outras pessoas.

E na hora de dar a largada, o que passou pela sua cabeça?
Maria: Olha, ali deu um medinho! (risos). Fiquei pensando se eu iria me machucar ou quebrar algo, mas deu tudo certo. É uma competição muito difícil com um custo muito alto, então ali, naquela hora, eu queria muito terminar e desejava isso para todos. Do mesmo jeito que eu batalhei muito, todo mundo também tinha, então eu desejava o mesmo para todos.

Você pensa em participar de novo?
Maria: Sim, em 2017! O ano que vem eu quero correr uma ultra maratona e depois, a Ironman.

E se você pudesse dar um conselho para quem quer participar do Ironman, qual seria?
Maria:Comece devagar. Não vá com muita sede ao pote e tenha paciência. Não vá com muita sede ao pote! Foi o conselho que eu recebi e é o conselho que eu dou. Dê um passo de cada vez.

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