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No auge da vida, aos 50 anos, Ana Sparz decidiu que era hora de enfrentar um novo desafio: escrever o primeiro romance. Ela, que já era bem-sucedida como advogada, empresária e, fazendeira, sentia que faltava realizar algo novo – tocar o coração das pessoas.

Foi aí que ela enfrentou o desafio de frente e começou a escrever o seu primeiro romance, “Dez Momentos”, que será lançado nesta sexta-feira (7), no Empório Cultural do Boulevard Shopping Nações.

O livro conta a história de Raquel, uma jovem que decide voltar ao Brasil, depois de viver dez anos nos Estados Unidos. Esse retorno traz à tona a difícil relação com os pais, um novo amor e um rumo diferente para a sua vida.
Fã de Bauru, a autora optou por situar a história da protagonista aqui, em locais já conhecidos dos bauruenses. Para ela, imaginar histórias e tramas e tornar isso interessante para quem lê é um jeito de mostrar maneiras novas e diferentes de encarar a vida.

Na última quinta-feira (6), Ana recebeu a equipe do Social Bauru em sua casa, para falar mais sobre a obra e seus temas, sua trajetória e os rumos das nossas próprias vidas.

” (…) o escritor tem um diferencial de poder imaginar histórias, tramas, situações e lapidar isso, tornando interessante para quem vai ler. Mas todos nós podemos transformar a nossa vida em algo mais interessante. Nós estamos, no nosso dia a dia, escolhendo personagens e cenários – isso também é escrever uma história. Muitas vezes, nós estamos sempre nos mesmos locais, com as mesmas pessoas e não percebemos que é por isso que não vivemos outras coisas. Escritores ou não, sempre estamos desenvolvendo histórias”.

Confira:

Quando surgiu a ideia de escrever este romance?
Ana: Eu já escrevo há um tempo e a minha ideia inicial era fazer um conto. Porém, como eu sempre escolho temas para falar, elegi as mudanças que o tempo traz e a fé, assuntos interessantes, mas complexos. No fim, acabei fazendo a série chamada “Outros caminhos, novos destinos” – com três livros independentes, mas interligados. Neste romance, “Dez Momentos” eu trabalhei também o perdão e os julgamentos precipitados. Não são temas superficiais. Eu gosto de escrever ficção, então, através dos personagens e situações, discuto temas. Eu gosto de emoções, reviravoltas , de surpreender os personagens e, assim, eu surpreendo os leitores também! (risos). Este livro começa quando Raquel, a protagonista, volta de uma temporada nos Estados Unidos. Ela sai do aeroporto e está seguindo pela [Rodovia] Castelo Branco e deixa de seguir por Botucatu e vem até o final da Castelo, onde acontece um imprevisto, que vai determinar que ela conheça Pedro, o homem que irá mudar a vida dela.

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E você escolheu falar de Bauru por que faz parte da sua história?
Ana: Eu optei por usar cenários conhecidos. Bauru é a cidade do meu coração. Eu não sou bauruense, mas tenho casa aqui e a cidade é considerada o coração de São Paulo, ou seja, tem uma posição geográfica muito importante. A arquitetura de Bauru também agrada: ela é arborizada, tem as ruas largas e os prédios espalhados , o que a deixa ensolarada e arejada, embora esteja crescendo visivelmente, dia a dia. Outro fator interessante é as pessoas serem cultas e elegantes! Escolhi Bauru por esses motivos. Há outras cidades da região citadas e também de outros Estados e até de outros países. Todos os locais por onde os personagens passam são cenários conhecidos, onde já passei.

É difícil colocar emoção sem nunca ter passado pelos lugares descritos?
Ana: Exato! Eleger lugares familiares dá mais tranquilidade e propriedade para falar. Sem contar a emoção de já ter passado por ali.

Demorou quanto tempo para você escrever o livro?
Ana: De seis a oito meses. Hoje, como eu já tenho bastante contato com escritores, vejo que foi rápido. Até porque, para escrever um romance, você tem que viver e sentir como os personagens. Se eu estou escrevendo sobre um momento mais difícil, tenho que entrar nesse espírito. Não posso sentar para escrever na euforia da minha vida. Eu tenho que entrar na vida do personagem. E já aconteceram, muitas vezes, de eu estar no cinema, em algum jantar e ter um insight de uma cena para o livro. Aí eu registro para poder escrever melhor depois. A inspiração é muito forte para o escritor, mas a transpiração também é necessária! (risos). Sem dedicação e sem capricho com as palavras, não conseguimos um bom livro. “Dez Momentos”, por exemplo, tem mais de 400 páginas, 68 capítulos e 350 mil palavras. Então, não foi fácil. É preciso muito trabalho.

E como era a sua rotina? Você se dedicou totalmente ao livro?
Ana: Não, eu sou empresária, advogada, fazendeira, tenho minha casa, meu marido e filho. E eu escrevia nas madrugadas, já que sou insone. Antes, eu era uma insone chateada e revoltada, porque enquanto as pessoas dormiam e descansavam, eu vagava. Aí eu resolvi “do limão, fazer uma limonada” e usei a insônia a meu favor. Isso até me deixou mais tranquila para dormir um pouco mais.

Quantas horas por dia você dorme?
Ana: Umas três ou quatro.

Só isso? E mesmo assim você não sente falta?
Ana: Ah, é menos do que eu gostaria! (risos). A memória fica prejudica e, às vezes fico irritada, porque o sono é reparador e faz falta. Mas o que mais me chateava é que eu não dormia e não fazia nada. Depois que eu me envolvi nesses universos, eu comecei a usar tudo de maneira produtiva. E ser produtivo é muito bom, independentemente do que você faz. Quando você se propõe a fazer algo renova energias. Só o fato de ter um projeto em mente já te instiga.

E quando você quis ser escritora?
Ana: Como advogada, eu sempre gostei de escrever a parte “dos fatos” das petições de uma forma mais caprichada. Normalmente, os advogados escrevem de um jeito protocolar. Eu gostava relatar os motivos das demandas de maneira instigante, de um jeito inovador. E aí eu vi que queria criar fatos e não só relatá-los. Quando alguém conta uma história, conta algo que aconteceu. Mas quando você cria uma história, tem liberdade. Eu gosto de reflexões. Neste livro, por exemplo, a Raquel condena uma amiga por causa de determinada atitude. A família dela é muito sofisticada, glamourosa e até arrogante. Se acham acima do bem e do mal, como se fossem perfeitos – e ninguém é. Ela diz: “desta água eu não beberei”, mas é justamente a que ela irá tomar. A família dela também irá mudar de atitude e ver que a perfeição não existe. Não se pode fazer julgamentos precipitados sem cometer injustiças. Então, trouxe reflexões para este romance, mas sempre com o cuidado de colocá-las de forma bem sutil, com muita emoção e ação. Bom, além disso, eu estava chegando aos 50 anos e comecei a refletir… Acho que isso é normal nessas idades fechadas, como 30, 40, 50. Provavelmente, nos 60, será assim também!(risos). E aí eu comecei a pensar sobre a minha vida: tenho uma carreira de sucesso como advogada, tenho uma transportadora, minhas fazendas com cavalos e gado. Já tinha feito muita coisa por mim, mas faltava fazer para os outros. As pessoas estão passando dos 100 anos e eu estava na metade ainda! E eu ia continuar fazendo as mesmas coisas? Afinal, eu já estava na minha zona de conforto. Eu não queria abandonar o que eu já tinha, mas queria acrescentar algo que falasse no coração das pessoas. Diferente do que muitos escritores dizem, que não escrevem pensando no leitor, eu sempre faço tudo pensando nas pessoas que irão ler.

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E você fala muito sobre perdão no livro. Você acha que as pessoas estão com mais dificuldades de perdoarem?
Ana: Sim, isso inclusive é discutido no livro, com a avó da Raquel – foi aí que surgiu o nome “Dez Momentos”. A avó acha que ela tem muita dificuldade em perdoar e estava com a vida travada. Com a experiência de uma mulher mais idosa, foi falando com a neta. Ela, inclusive, fala que para esta geração as coisas são muito descartáveis e lembra que, antigamente, as pessoas tinham que fazer o relacionamento dar certo, porque não podiam se divorciar, o que não acontece mais hoje em dia. Então ela vai falando com a neta e a leva a perceber quais são os 10 momentos mais importantes da vida dela. Cada um de nós tem passagens especiais em nossas vidas e temos que refletir sobre isso. Quem são as pessoas que estão nos momentos mais importantes, quem toca o coração? É isso que a avó leva Raquel a entender. Perdoar e virar as costas não é perdão, é uma forma elegante de encerrar a situação; perdoar é superar.

O que você pode falar para as pessoas que acham que já fizeram de tudo e não conseguem enxergar outras coisas que ainda podem realizar na vida, já que você encarou um desafio aos 50?
Ana: Enquanto há vida, há a possibilidade de mudança. Então, o que eu posso dizer é que o romancista tem um diferencial de imaginar histórias, tramas, situações, registrar e lapidar isso, tornando interessante para quem vai ler, mas todos nós podemos transformar a nossa vida em algo mais interessante. Nós estamos, no nosso dia a dia, escolhendo personagens e cenários – isso também é criar histórias. Muitas vezes, estamos sempre nos mesmos locais, nos mesmos cenários e não percebemos que é por isso que não vivemos outras coisas. Escritores ou não, sempre estamos definindo histórias. Às vezes, a gente não sai da mesmice porque não buscamos coisas diferentes. Vá buscar coisas novas, pessoas novas, procure sorrir para o outro – as pessoas estão muito fechadas e o livro discute isso também. A protagonista do livro é uma pessoa que decide mudar de vida. Ela quer mudar de profissão. Com 17 anos ela escolheu a odontologia, profissão que a família sempre aprovou, mas depois não combinava mais com ela. Como ela percebe que a família não aceita que mude, ela se casa com um americano e vai para os Estados Unidos. Dez anos depois, quando o casamento fracassa, ela volta ao Brasil, enfrenta a família e muda de vida, tornando-se uma empreendedora. Então, também há uma jornada empresarial no livro.

E para você, o que falta realizar nos próximos 50 anos? Escrever uma biografia, talvez?
Ana: Não… eu prefiro as histórias, para que eu possa dar asas à minha imaginação! (risos).

Serviço
A autora Ana Sparz irá lançar o livro “Dez Momentos”, da editora Novo Século, nesta sexta-feira (7), na livraria Empório Cultural, do Boulevard Shopping Nações, em Bauru, a partir das 19h.
Rua: Marcondes Salgado, 11-39.
Telefone: 3233-7000
Na próxima segunda-feira (10), irá ao ar uma entrevista que a autora deu para o canal Rede Vida.
Para saber mais, acesse: www.facebook.com/anasparzescritora

Confira o book trailer do livro “Dez momentos”:

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