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Sabe quando a vida parece que não mostra uma luz no fim do túnel? Pois era exatamente assim que Marcela Polastri estava se sentindo aos 16 anos, quando encarou a depressão. Mas, entre as sessões de terapia e os remédios que começou a tomar, ela descobriu uma alternativa para aliviar tudo o que estava sentindo naquele momento – o Kung Fu.

Foi a partir de uma amiga, que Marcela começou a praticar o esporte e viu o quanto ele te fazia bem. Com o tempo, as sessões de terapia acabaram, assim como os remédios e ela ficou ainda mais empenhada nesta arte marcial.

Hoje, Marcela é tricampeã brasileira, vice-campeã sul-americana e pan-americana, entrou na seleção brasileira e foi convocada, pela primeira vez, para o mundial que será realizado na Indonésia, ainda este ano. “A maioria dos atletas do Brasil gostariam de estar no meu lugar. Ter a oportunidade de ir lá e representar o país é muito importante. É o sonho da maioria dos atletas”, afirma.

Nós conversamos com a atleta para saber mais sobre a sua relação com o esporte e como encontra motivação para continuar, mesmo sem patrocínio. Confira:

Como foi o seu início no esporte? Por que escolheu Kung Fu?
Marcela: Eu comecei Kung Fu com 16 anos, quando eu estava passando por um momento difícil na minha vida, sofrendo de depressão. Aí eu comecei a fazer tratamento com psicólogo e psiquiatra, com medicamentos. Nessa época, o Kung Fu surgiu por indicação de uma amiga minha, que falou para eu fazer uma aula experimental. Fui e gostei! Então, o esporte começou a fazer parte do meu tratamento, junto com a terapia e os remédios. Depois, eu tive alta, parei com os medicamentos e a terapia, mas continuei com o esporte. Além de gostar muito, meu professor percebeu que eu tinha facilidade para fazer os movimentos e me convidou para fazer parte da equipe de competição. Aceitei porque queria ver onde eu poderia chegar. Nunca tive a pretensão de ser atleta. Mas comecei a competir e ver bons resultados: ganhei campeonatos regionais, paulista, brasileiro e cheguei na seleção brasileira em 2011.

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Quais as competições que você já participou?
Marcela: Nossa, muitas! (risos). Eu já fui pentacampeã do campeonato paulista na etapa regional, tricampeã paulista, tricampeã brasileira, vice-campeã sul-americana e pan-americana. Esse ano, ganhei medalha de ouro no campeonato sul-americano no Paraguai, minha primeira medalha de ouro nessa categoria que estou agora, que é mais difícil. Então, estou muito contente com o meu desempenho este ano. Além disso, vou participar do mundial na Indonésia, que é o primeiro que eu sou convocada e estou muito feliz por ter conseguido esta vaga. É algo que eu nunca imaginei que iria conseguir. É tudo muito difícil e para mim foi uma vitória só de ter sido convocada para este campeonato.

Quais os desafios que você já teve que enfrentar no esporte?
Marcela: Como o Kung Fu não é um esporte olímpico, poucas empresas têm o interesse em patrocinar. Por isso, é muito difícil viver de esporte. Já algo difícil no Brasil e por ser um esporte ‘armador’, é mais complicado. O meu maior desafio é sempre conseguir dinheiro para viajar e participar de competições. Sem contar, que eu tenho que trabalhar e ainda treinar, porque eu não consigo pagar as despesas. Eu nunca consegui o patrocínio de uma empresa que me ajudasse com os gastos. Eu sempre tive que correr atrás de tudo para pagar as competições. Em 2012, no Pan do México, eu e a minha família nos unimos e fizemos um chá beneficente, como se fosse um bingo. Meu pai pagou os brindes do bingo e conseguimos o dinheiro para eu conseguir viajar e competir. Mas nunca tive patrocinador.

O que o Kung Fu já te ensinou até agora?
Marcela: O esporte já me ensinou muitas coisas, como ter respeito e entender a hierarquia que existe: respeitar o mestre, o professor, a minha família e os meus amigos. Também me ensinou a ter paciência e cada pessoa tem um jeito diferente. Dentro da academia você tem que lidar com pessoas diferentes, com jeitos diferentes e isso te ensina muito. Você tem que saber respeitar os outros para poder ser respeitado. O esporte também me ensinou muito sobre filosofia, controle emocional e pessoal. Dentro do esporte, você precisa ter total domínio – não só físico, como emocional também. Tem que estar bem consigo mesmo e isso o esporte me ensinou.

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Como é a sua rotina de treinamento?
Marcela: Eu treino, praticamente, todos os dias. Segunda, quarta, sexta e sábado eu treino o Kung Fu e nos outros dias eu faço um treinamento de força e potência. Então, a rotina de treino é bem intensa! O ideal seria que eu só treinasse. Que eu fosse atleta profissional e fosse paga para isso. Acordar e treinar; almoçar e treinar mais um pouco. Mas não é isso que acontece. Eu treino no período da tarde, que é período que eu tenho uma “folga”. Eu trabalho de manhã, treino de tarde e trabalho, novamente, à noite. É uma rotina um pouco apertada, mas é o que eu consigo fazer o que eu realmente gosto.

O que te motiva a sempre continuar no esporte?
Marcela: A paixão que essa arte marcial envolve. Toda a filosofia, o espírito marcial que me comove e me deixa muito bem. Hoje em dia eu não consigo pensar na minha vida sem o Kung Fu. Ele ajudou a me erguer, sair da depressão lá atrás e hoje eu me sinto muito grata a tudo isso. Mesmo com todas as dificuldades que eu tenho, algo sempre me puxa de volta. Eu já pensei várias vezes em desistir, por causa dessas dificuldades financeiras, até porque não é barato. O gasto de uma viagem internacional é muito alto. Mas eu sempre vejo o sucesso dos atletas que estão em outros países, vejo o esporte crescendo e isso sempre me dá vontade de voltar ao esporte. Quando você gosta mesmo, você faz de tudo. Sempre têm coisas que me desanimam, mas outras me incentivam e me fazem querer voltar.

O que você pode dizer para quem quer começar a praticar este esporte?
Marcella: Que é um esporte fantástico, totalmente diferente dos outros. Existem duas vertentes no Kung Fu: uma é a parte de combate e a parte de demonstração. Então, quando a pessoa entra para este esporte, ela se surpreende muito e fica deslumbrado com as possibilidades de movimentos e saltos. Quando você aprende a fazer tudo, você fica muito motivado e é algo que te vicia.

Marcela Polastri recebe o apoio da ACOAS, Associação Yamada, Black Rino e Crossfit My Way auxiliam em seus treinamentos. Quem quiser ajudar, pode entrar em contato pelo telefone: 98814-1397

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