Ana Martha
Ana Martha

Quem chega para conhecer Ana Marta é recebido primeiro pelo seu sorriso. Natural de Assis, veio para Bauru porque viu na cidade a oportunidade de seguir a profissão de assistente social e se apaixonou pelo que encontrou. Apesar de hoje a assistência ser o que ela quer, não foi sempre assim. Seu sonho era ser bailarina. Aos 13 anos já ensinava dança em uma instituição de Assis e trabalhava com deficientes físicos. A inquietude da pequena moça era com a separação das turmas de acordo com o tipo de deficiência – física e intelectual. “Um dia uma aluna começou a convulsionar no meio da aula e um deficiente físico se jogou da cadeira no chão e fez todos os procedimentos. Ele não andava, mas o intelectual dele era muito melhor do que o meu, que tinha 13 anos e não sabia como proceder naquela situação. Desse dia em diante, todas as aulas foram misturadas”. Assim surgiu a primeira coreografia mista e onde Ana descobriu uma doença nas articulações que mudaria todo o seu caminho. A bailarina, professora de dança e jovem se viu em uma cadeira de rodas com a piora da sua doença.

A vida pessoal de Ana só a aproximou mais do seu destino social. Ainda durante a juventude dela, sua mãe teve que ser internada por problemas psiquiátricos e seu pai, passava pela quarta internação pelo mesmo problema e também drogas, álcool e outros problemas. Quando pergunto se nunca teve medo de encontrar situações que não soubesse lidar ou do seu trabalho, ela me responde que não, que sempre foi muito acolhida e me explica: “Todo mundo acha que trabalho social é altruísta e não, não é. É claro que são situações que você não quer, que a gente fica indignada e a gente só lida com problema o dia inteiro. Ninguém vem aqui porque tá muito bem. Todo mundo vem aqui porque tá muito mal mesmo”. Já encontrou tantas histórias que seu sonho se mistura com o futuro do país, das tantas outras mulheres que convive diariamente, dos idosos que acompanha na instituição, dos jovens que ela compreensivamente assiste todos os dias e da sua filha, que como mãe, ela também quer bem. “Não sei se é meu sonho, mas é o que eu vou fazer: é criar comunidades de aprendizagem. É a minha tarefa de vida”.

No meio do dia, depois da nossa conversa, perguntamos se seria um problema bater umas fotos para retratar sua história. A resposta não é surpreendente para alguém como Ana: “Claro! Se marcarmos outro dia não vou me arrumar mais ou menos que hoje. Todos os dias estou assim”. Ela termina suas frases com uma das palavras que mais usa em seu dia a dia: gratidão!

Sorte das pessoas que cruzam seus caminhos com o dela.

Texto: Samantha Sasha
Foto: Nikolas Abiuzzi

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