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O automóvel nas mãos de um cidadão “normal” já está se tornando quase um fato raro em Bauru. Na verdade, o cidadão “normal” é uma criatura de hábitos estranhos e peculiares. Tomemos, como exemplo, o sr. Silva, um comerciante tradicional da zona sul.

O sr. Silva mora em um bairro sossegado, composto de pessoas decentes e respeitosas. Ele é o típico cidadão comum. Considerado bom pai, bom cidadão e de inteligência razoável, é um homem gentil, amável, pontual, honesto e paga seus impostos em dia. O sr. Silva não machucaria uma mosca, nem mesmo uma formiga. Ele acredita na máxima “viva e deixe viver”.

Ele possui um automóvel com motor 2.0 e se considera um bom motorista. No entanto, quando ele assume o volante ocorre um fenômeno estranho: ele se deixa levar pela forte sensação de poder. Sua personalidade muda completamente! De repente, ele se transforma em um mostro incontrolável, um motorista diabólico e impulsivo. O sr. Silva agora se transformou no sr. Veloce, e sai dirigindo seu veículo de maneira agressiva, xingando a todos os que ousam passar à sua frente ou que o impedem de atingir maior velocidade.

Ao adentrar à avenida Nações Unidas, não tem paciência para esperar a sua vez e força a sua entrada no fluxo de trânsito, criando situações perigosas aos demais motoristas. Buzina para que os demais carros saiam de sua frente.
Com comportamento agressivo, entende que todos os outros carros estão atrapalhando a sua viagem. É o dono da rua! No semáforo, se irrita quando precisa esperar 30 segundo para abrir o verde; acelera impaciente enquanto a luz é vermelha, avançando sobre a faixa de pedestres. Quando abre o sinal, o sr. Veloce parte cantando os pneus, com espírito emulativo.

Se deparando com uma senhora com o filho nos braços esperando pela travessia na avenida Rodrigues Alves, em frente a uma poça d’água, o sr. Veloce passa sobre a água produzindo-lhes um belo banho, e sorri maliciosamente observando pelo retrovisor. Quando a velhinha atravessa a rua Bandeirantes vagarosamente, aperta com tudo a buzina: “saia da minha frente!”. Ao ver uma esperada vaga de estacionamento na rua 1º de Agosto, a ser ocupada por outro carro tendo um sinhorzinho de chapéu ao volante, que se prepara para a manobra, apressadamente nela adentra, deixando o outro motorista completamente irritado: “mas eu já estava manobrando para estacionar!”. “Que nada! Eu cheguei primeiro”, diz o sr. Veloce.

Sem a “armadura de aço”, o sr. Veloce se transforma novamente em pacato pedestre, indo fazer compras no calçadão da Batista, e reclama da falta de educação dos motoristas apressados, que não lhes oferecem a menor chance de atravessar a rua. Ao comprar o jornal do dia se depara com a manchete: “aumenta a violência no trânsito em Bauru”. “Que horror”, afirma sr. Silva, “aonde vamos parar?”, comenta com um amigo sentado em um banco do calçadão.

No entanto, ao retornar ao seu carro, o sr. Silva se transforma novamente no sr. Veloce, sai de sua vaga “empurrando” o veículo da frente e o de trás. O veículo que está atrás ele empurra com mais força, pois possui um “engate” reforçado. Parte com velocidade e colide com um caminhão mais à frente. Seu carro fica destroçado! O guincho o leva para o pátio. O sr. Veloce retorna a pé para casa, reclamando da pouca sorte, e se transforma novamente no pacato sr. Silva. Chegando em casa comenta com a sua mulher: “benzinho, este trânsito de Bauru está completamente maluco!”.

“Este é um texto de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.”

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