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Foto: Arquivo pessoal

João Pedro Ferreira tinha o sonho de fazer uma viagem internacional, mas nunca imaginou que o primeiro local que iria visitar seria Cuba! O estudante de jornalismo da Unesp passou uma semana em Havana, onde teve a oportunidade de apresentar o resultado de um trabalho acadêmico que realiza desde 2012.

Além de voltar com mais conhecimento, João afirma que a viagem foi transformadora em muitos sentidos! “A gente não tem ideia do que é Cuba. Quer dizer, pelo menos eu não tinha. Sabia que era uma ilha, que passou por uma revolução política e social e que o Fidel Castro esteve no comando lá por muitos anos. Sabia também das informações que o país sofria com o embargo econômico e que muita coisa lá não se desenvolvia. Estou dizendo isso para explicar que cada passo meu lá dentro foi uma surpresa. A primeira vista o que mais impressiona é a arquitetura e os carros antigos. Não tem como não se deslumbrar. Com o tempo, o que mais me deixou impressionado é o pensamento das pessoas. Eles têm um misto grande de esperança de um futuro melhor com uma conformação das coisas estarem como estão”, diz.

Saiba mais sobre detalhes dessa experiência:

Como surgiu a oportunidade de você ir para Cuba?
João: Fui para Cuba graças a um edital da Pró-Reitoria de Extensão da UNESP que selecionou e custeou cinco trabalhos nas unidades do estado enviados ao congresso.

Qual o assunto do trabalho que você foi apresentar?
João: O trabalho é sobre o projeto de extensão que realizamos na UNESP, o Jornal Impacto Ambiental. É um jornal que envolve a temática ambiental, produzido bimestralmente por alunos de jornalismo e distribuído em escolas públicas de ensino médio de Bauru. Especificamente nesse trabalho, falamos sobre a importância da educomunicação ambiental.

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Foto: Arquivo pessoal

Foi um trabalho que você fez sozinho? E durante quanto tempo?
João: Não fiz sozinho, foi uma força-tarefa minha e de mais dois colegas do projeto: o Marcos Cardinalli, que é o atual bolsista, e o Jorge Salhani. Ficamos sabendo do congresso pelo edital e decidimos fazer. Só que havia um problema – tínhamos, por volta de 48h para enviar o artigo. Não foi fácil, mas graça ao nosso esforço e o apoio do nosso professor orientador Angelo Sottovia Aranha, tudo deu certo.

Quanto tempo você ficou em Cuba? Já havia visitado o local?
João: Eu passei praticamente uma semana lá, sem descontar o tempo de aeroporto. Jamais havia visitado o país, foi minha primeira viagem internacional!

Era um sonho que você tinha?
João: Nunca, jamais, imaginei que poderia ir pra Cuba. Por toda a imagem que a gente tem de ser um país fechado, nunca esteve na minha ‘lista’ de possibilidades. Essa viagem foi uma bela surpresa! Na verdade, o meu sonho era fazer algum intercâmbio, pra onde fosse. Estou no começo do quarto ano do curso e acabou não acontecendo um intercâmbio, mas essa viagem foi uma ótima experiência.

O que mais te impressionou lá?
João: A gente não tem ideia do que é Cuba. Quer dizer, pelo menos eu não tinha. Sabia que era uma ilha, que passou por uma revolução política e social e que o Fidel Castro esteve no comando lá por muitos anos. Sabia também das informações que o país sofria com o embargo econômico e que muita coisa lá não se desenvolvia. Estou dizendo isso para explicar que cada passo meu lá dentro foi uma surpresa. A primeira vista o que mais impressiona é a arquitetura e os carros antigos. Não tem como não se deslumbrar. Com o tempo, o que mais me deixou impressionado é o pensamento das pessoas. Eles têm um misto grande de esperança de um futuro melhor com uma conformação das coisas estarem como estão.

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Foto: Arquivo pessoal

Algo que você imaginava e viu que era completamente diferente?
João: Eu pensei que haveria muito mais pobreza nas ruas, muitos mendigos, crianças abandonadas e pouca segurança. Há sim pessoas bem pobres lá, mas, pelo menos o que eu vi, foi bem diferente do que vemos em outras grandes capitais. Há casas em situações mais precárias, mas o que vi não foi tão terrível quanto imaginava. Havia muitas escolas, em todos os lugares. Assim como lugares de saúde. Quanto à segurança, é claro que você não pode dar bobeira, mas é possível andar nas ruas com tranquilidade.

Como as pessoas te trataram lá?
João: Os cubanos têm o jeito deles de tratar os turistas. Nas lojas e outros comércios eles não são tão agradáveis quanto no Brasil, não existe tanta gentileza que se exige de um vendedor aqui. Alguns parecem que não estão nem interessados em vender algo. Mas não são todos, claro. Algumas pessoas que conheci foram extremamente gentis e solícitas. Infelizmente, em alguns desses casos parece um pouco que fazem isso com algumas segundas intenções, como ganhar algo por fora, ou receber presentes. No centro da cidade você não tem um instante de paz se der pinta de turista. É gente querendo vender passeio, táxi, charuto, bebida, de tudo um pouco. A cada esquina. É um pouco difícil no começo porque a gente costuma ser educado e acaba ouvindo todo mundo, mas você tem que aprender a seguir andando, dizer ‘no, gracias’. Algumas vezes é ainda mais fácil dizer que não tem dinheiro! (risos).

E como foi a apresentação do trabalho?
João: A apresentação de trabalho foi ótima. Fiz alguns contatos, recebi sugestões e creio que me saí bem. Eu não precisaria apresentar em espanhol, pois o congresso permitiu trabalhos em português, mas havia muita gente que não era do Brasil querendo saber sobre o trabalho, então foi necessário soltar o espanhol, o que me deu um pouco de nervoso mas acabou fluindo bem. Pelo menos, eles falaram que me entenderam bem! (risos).

Acha que a viagem acrescentou algo em você como pessoa?
João: Claro! Primeiro, que além de uma primeira viagem internacional, foi uma viagem que fiz sozinho. Tive que me virar e só ter minha própria companhia do aeroporto daqui até lá. Depois de dois dias encontrei mais brasileiros, mas tenho que confessar que foi um pouco angustiante para mim esse tempo sozinho. Eu fui preparado para não falar com ninguém do Brasil por sete dias, pois internet e ligações internacionais lá são muito caras. Saber que é era só eu e mais ninguém lá me ensinou que consigo fazer muita coisa, mas que uma companhia faz falta. Amizades são muito importantes. Tenho que confessar também que dormi com a TV ligada pra ter ao menos um barulhinho no quarto do hotel. Valeu muito a pena, pois deu tempo de refletir sobre muita coisa.

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Foto: Arquivo pessoal

Pensa em um dia voltar para lá?
João: Quero conhecer mais países agora. Dizem que depois que você viaja pela primeira vez, você não para mais. Tomara! Voltaria para lá sim, mas não sei quando. Se eu demorar muito e se a abertura econômica realmente acontecer creio que não vou mais encontrar a Cuba que vi neste ano. Toda uma ideia consolidada de consumismo e capitalismo ainda consegue não estar tão próximo de lá, mas quando permitirem, a invasão será rápida e tudo deve se transformar assustadoramente. Do lado turístico creio que vai perder um pouco a graça da ‘experiência’.

E não são muitos alunos que têm a oportunidade que você teve, não só por ser Cuba, mas por apresentar um trabalho acadêmico em outro país. Já refletiu sobre isso?
João: Sim! Fico muito feliz de ter sido contemplado com essa oportunidade que foi fruto de muito esforço. Estou no projeto desde 2012, fui repórter, editor, bolsista e hoje faço a diagramação. O projeto ajudou muito na minha formação como jornalista. Ter uma experiência dessa foi a cereja do bolo para eu gostar ainda mais dele e perceber que todo o esforço nos últimos anos valeu muito a pena!

E você ainda é estudante, então, qual o seu maior sonho como jornalista?
João: Essa pergunta é bem difícil! (risos). Como o Clark Kent era jornalista, tenho um pouco dessa visão de ‘Super-Homem’ de querer salvar o mundo. Sei que não é totalmente possível, mas as mudanças começam em pequenas atitudes diárias. Meu sonho como jornalista é poder ver no meu trabalho diário uma chance de fazer algo realmente bom para as pessoas, que seja diferencial. Sei que será impossível fazer isso diariamente e que vou tropeçar no caminho algumas vezes. Hoje como estudante, analiso a mídia e taco pedra nela sempre, ao mesmo tempo que admiro o trabalho de grandes jornalistas. Amanhã estarei do outro lado, e espero que o meu trabalho esteja na maioria do tempo no lado da admiração.

Para saber mais sobre o Jornal Impacto Ambiental, acesse: www.facebook.com/JornalImpactoAmbiental

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