Bauruense dedica 9 anos em busca do sonho de cursar medicina
medicina bauru
Quanto tempo demora para conseguirmos realizar os nossos sonhos? No caso da bauruense Marcella Gonçalves, foram quase dez anos de muito estudo, fé e perseverança. A estudante tinha o sonho de cursar medicina e batalhou muito para conseguir realizar isso em sua vida.

“Eu sinto que recebi um chamado de Deus todos os dias. Parece que estou no lugar certo fazendo as coisas certas”, afirma. Ela, que estudou em escola estadual durante o ensino médio, sentiu na pele as dificuldades em relação aos outros alunos, mas nunca usou isso como desculpa para deixar de seguir o seu sonho.

Nesta entrevista, Marcella fala sobre a sua trajetória, como conseguiu passar em uma universidade de Presidente Prudente e dá uma bela lição de perseverança! “Não desista, persevere e continue porque um dia você também vai conseguir realizar o seu sonho”.

Confira:

Você sempre quis ser médica?
Marcella: Não, eu queria ser dentista. Como eu usei aparelho por muito tempo e fui muito ao dentista, eu fiquei encantada com a profissão! (risos). Então, sempre pensei em cursar odontologia. Mas eu não tinha noção de como era difícil passar. Eu estava em uma escola estadual e só no terceiro colegial eu comecei a me dedicar mais para o vestibular. Aí, uma amiga comentou sobre um cursinho preparatório para medicina e eu pensei: ‘poxa, se quem quer medicina faz e passa, quem quer odonto vai passar bem mais fácil!’ (risos). Olha o pensamento…

E você prestou e não passou?
Marcella: Isso, eu prestei e não passei. Estudei bastante, mas como tinha feito todo o colegial em escola estadual, estava muito atrás dos outros candidatos. E foi lá que eu fui perceber que o vestibular da USP era muito difícil e concorrido.

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E quando você decidiu que queria medicina e não odontologia?
Marcella: Então, ainda no terceiro colegial, a minha amiga que começou o cursinho comigo acabou desistindo. Ela preferiu fazer um curso de auxiliar de dentista aqui em Bauru. Eu achei melhor continuar no cursinho. Mas, quando eu não passei, eu pensei que seria uma boa ideia fazer este curso também. Então, depois que eu acabei o colegial, no ano seguinte, eu continue estudando no cursinho e fazendo este curso, o que era muito corrido! (risos). Mas aí eu percebi que eu não queria ser dentista. No curso, eu tive que fazer um estágio e eu tive mais contato com o dia a dia da profissão e eu percebi que não era aquilo que eu queria. Faltava alguma coisa, sabe? E, na mesma época, a minha mãe precisou fazer uma cirurgia e eu e a minha irmã a ajudamos com os curativos. Eu a acompanhava nas consultas, ajudava em tudo o que precisava e foi ali que percebi que queria fazer medicina. Eu senti como se estivesse recebendo um chamado de Deus. Eu tinha que fazer isso. Aí eu me formei no curso de auxiliar de dentistae, no segundo semestre, comecei a me dedicar para medicina. Engraçado que, quando eu comecei a fazer cursinho e via os candidatos que queriam ser médicos, eu pensava: ‘Coitados!’. E, no fim, eu me juntei a eles! (risos).
Foram quantos anos de estudo?
Marcella: Foram nove anos de muito estudo e muitos vestibulares.

E você nunca pensou em desistir?
Marcella: Não, nunca pensei. Em alguns momentos eu ficava triste, claro. Quando eu não passava no vestibular e tinha que começar tudo de novo, não era fácil. Eu participava de alguns grupos de estudantes no Facebook e passávamos a madrugada estudando, um sempre ajudava muito o outro. Mas via muitos deles passando e eu não. Inclusive, quando eu passei, eu já nem acreditava mais. Mas tinha colocado na minha cabeça que eu ia tentar durante dez anos, então eu ainda estava no prazo! (risos).

E você tinha o sonho em cursar determinada faculdade?
Marcella: No começo sim, mas eu não tinha muita noção! (risos). Eu queria estudar em Belo Horizonte e achava que ia ser muito fácil, porque a universidade de lá tem mais de 300 vagas para medicina. Ficava pensando: ‘nossa vai ser fácil! Tem um monte de vagas, Belo Horizonte é ótima, tem pão de queijo, doce de leite…’ Não sabia de nada mesmo! (risos). Mas depois de um tempo, eu só queria passar, não pensava mais na faculdade. Inclusive, ia tentar cursar em Buenos Aires, na faculdade de medicina de lá. Fui atrás de tudo na internet, em grupos no Facebook, mas achei melhor não tentar porque o custo ia ser muito alto e eu não tinha condição.

E você chegou num ponto que passava em qualquer vestibular de qualquer outro curso, né?
Marcella: Sim, eu estudei muito e estava muito preparada. Eu fiz cursinho para todas as matérias, depois cursinho para matérias específicas, fiz redação, estudei por conta própria, depois voltei ao cursinho… fiz de tudo! (risos). E aí, durante esse período, decidi fazer terapia ocupacional, porque eu sempre tinha a possibilidade de colocar um segundo curso no vestibular e decidi cursar e continuar estudando para medicina. E foi ótimo! Muita coisa que eu aprendi neste curso, eu consigo colocar em prática agora na faculdade. E lá foi a minha primeira experiência de morar fora de Bauru e cuidar de tudo sozinha. Então foi uma ótima oportunidade. Mas depois de um tempo eu tive que trancar porque estava ficando difícil conciliar os estudos da faculdade com as matérias do vestibular. Aí voltei a Bauru e continuei estudando.

Quando você passou no vestibular de medicina?
Marcella: Há ano e meio, na Unoeste, uma faculdade particular em Presidente Prudente. Eu consegui essa oportunidade a partir do ProUni. Mas eu nem imaginava que iria conseguir isso porque sempre que tentava, eu conseguia uma classificação muito longe. Mas dessa vez estava dando tudo certo. E quando eu mandei todos os dados necessários, conversei com Deus e pedi para que ele me ajudasse se fosse da vontade Dele. Poxa, Ele estava de prova de todo o esforço que eu já tinha feito! (risos). Aí, eu recebi uma mensagem de que teria que levar os documentos para lá, mas imaginei que seria só mais uma etapa, então fui tranquila. Minha irmã pediu folga no trabalho e me levou até lá. Quando o atendente disse que era para fazer a matrícula, eu perdi todos os sentidos! Não acreditava que estava, finalmente, fazendo a matrícula em uma faculdade de medicina! E ainda: com bolsa integral – já que a mensalidade custa mais de 5.000 reais – e recebo um auxílio para me manter lá. O atendente até falou que se eu tiver notas baixas, eu perco o auxílio, mas na mesma hora minha irmã disse: ‘Moço, você pode ficar tranquilo porque isso não vai acontecer! Ela vai se dedicar muito! (risos). Mas eu chorei muito e nem conseguia preencher nada, deu um branco total na hora! Minha irmã que foi falando o endereço, RG, CPF…
Imagino a emoção dos seus pais também…
Marcella: Sim, quando eu voltei todos estavam muito emocionados. Eles sempre me apoiaram muito e não teria conseguido sem a ajuda deles em todos os momentos.

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O que você sentiu no primeiro dia de aula?
Marcella: Uma emoção inexplicável! Essa universidade é exatamente o que eu sempre quis.

Você acha que passou no momento certo?
Marcella: Sim, com certeza! Eu estudo com meninas de 19 e eu já tenho 29, então é muito diferente, mas é muito bom. E no primeiro dia de aula, que na verdade foi uma apresentação da faculdade, eu me emocionei muito. Já na primeira palestra, que foi de um médico de 80 anos, eu já senti que ali era o meu lugar. Ele me emocionou muito com tudo o que disse sobre o curso e a carreira. E foi ótimo porque eu estava preocupada com a faculdade, com as pessoas que iriam cursar e ele já tirou o estereótipo de tudo. E depois teve uma missa e um culto e eu fiquei muito emocionada neste momento também. O pastor cantou uma música que parecia a minha história. Eu chorei muito porque parecia que ele estava cantando para mim.

Você comentou antes que sentiu que foi um chamado de Deus. Hoje você tem mais certeza disso?
Marcella: Com certeza! Eu sinto que recebi um chamado de Deus todos os dias. Parece que estou no lugar certo fazendo as coisas certas. Tudo isso que eu passei está me ajudando muito. Tenho certeza que até o curso de terapia ocupacional já foi um chamado de Deus, porque está me ajudando muito.

Qual o seu maior sonho como médica?
Marcella: Eu ainda não sei qual área vou seguir, não tenho noção porque eu gosto de muita coisa. Mas o que eu mais quero é ajudar as pessoas.

E o que você pode dizer para quem está pensando em desistir de algum sonho?
Marcella: Não desista, persevere e continue porque um dia você também vai conseguir realizar o seu sonho. Eu li vários livros que me ajudaram muito, como um do Augusto Cury, que se chama Nunca desista dos seus sonhos, que fala que o jovem de hoje em dia não tem muito referencial, não tem um modelo a ser seguido. Ele fala muito dos sonhos fala do Martin Luther King, Jesus, e outras pessoas que desenvolveram uma vida de derrotas e que, com isso, aprenderam a se superar e a perseverar. E esse livro me ajudou muito. Também li um outro livro que conta a história de um estudante que tinha o sonho de ser médico e sofreu muito, foi muito difícil. E eu me colocava no lugar do personagem do livro e essas duas obras me ajudaram muito. Então, o que eu tenho para dizer é: tem que ir atrás e buscar o que mais deseja, porque você vai conseguir.

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