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Todos os dias, das 8h às 17h, ele está na porta do Bosque da Comunidade com o seu carrinho de picolé. Quem começa a conversar com Magrão tem muito assunto para discutir. “História? Vixe, tem um banquinho aí? Se eu for te contar vai demorar a tarde inteira!”. Entre um cliente e outro, ele vai nos contando sua história. Fala sobre tudo um pouco, menos do nome de batismo, esse ele já esqueceu e diz que prefere os apelidos. “Tenho vários, cada um me chama de um jeito magrão, baiano, linguiça”.

Apesar de hoje ficar ali, no mesmo lugar todos os dias, já conheceu quase todas as estradas do país. “Eu gosto mesmo é de ser caminhoneiro. De pegar a estrada e ir até onde Deus quiser”. As estradas que mais conhece são as da região central do país e do sudeste. Fala com orgulho que no tempo que as estradas eram dele, seu remédio para ficar acordado era coca-cola e café, nada dessas coisas que usam hoje para seguir viagem a noite toda. “Eu ficava acordado porque gostava. Era tipo uma competição comigo mesmo”. Nos conta que nunca sofreu nenhum acidente grave, mas já viu muita coisa ruim acontecendo pelas estradas do país. Trabalhou por anos em uma transportadora, até que o patrão resolveu fechar. “Ele disse que se resolvesse reabrir, me chamava de volta pra trabalhar. Tô até hoje esperando ele me ligar!”.

Magrão não tem esposa. Conta para nós que já “casou, separou, casou, largou, separou e foi largado” várias vezes, mas não tem ninguém para dividir a vida. Nenhuma das vezes casou oficialmente, nem na igreja e nem no civil. A última esposa foi em São Paulo. “Nós morávamos na casa da mãe dela e eu resolvi que não queria mais. Queria um canto só meu. Ela não quis sair. Disse que de lá não saia e que se eu quisesse ia sozinho. Aí eu fui né?! E ela não me procurou mais”. Quando ficou sem emprego, ficou um tempo sem saber o que fazer. Decidiu ir para a cidade da irmã e foi assim que chegou em Bauru. “Eu não morava em praticamente lugar nenhum, mas quando perdi o emprego só de estar em São Paulo já me sentia estressado”. Veio para a casa dela e resolveu que vender picolé seria uma possibilidade de ganhar dinheiro sem perder nada. “Não estou mais sozinho, mas agora to na boa. Vendo meu picolé, adicionei uns salgadinhos aqui também. Vou seguindo até conseguir voltar a ser caminhoneiro. Pegar a estrada de novo”. Até lá, nós de Bauru vamos ganhando com a conversa, os picolés, o jeito tranquilo e a calma de Magrão.

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